quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mulher violentada eu não quero mais saber,
Tudo o que eu quero é mulher livre ser.


Violência contra a mulher: manifestação de desigualdade de gênero


A muitos e muitos anos atrás havia uma lei no Brasil que legitimava o assassinato da mulher pelo seu marido em caso de adultério. A muitos anos atrás essa lei foi alterada, porém nada mudou.


Ainda hoje a violência contra a mulher é legitimada. Sempre há uma forma de tirar a responsabilidade e culpa do machismo geralmente colocando a culpa na própria mulher que foi violentada.


Se uma mulher é estuprada é porque ela vestia uma mini-saia.

Se ela é espancada é porque o homem estava bêbado.


Se a mulher leva tiros do seu parceiro é porque o rapaz apaixonado ficou com ciúmes... É um crime passional.


Em média uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil, isso sem contar os outro tipos de violência contra a mulher. Isso não parece normal, mas é naturalizado.


A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!


A violência contra as mulheres é um fenômeno antigo que ocorre em vários paises de diferentes modelos econômicos, entretanto é mais freqüente em culturas machistas do que culturas que buscam uma relação mais igualitária de gênero.


Não posso deixar de dizer que o sistema patriarcado está diretamente ligado ao sistema capitalista que se mantém através da exploração dos povos, no caso das mulheres essa exploração é significantemente maior.Isso mostra uma relação direta entre sistema patriarcal - capitalista e violência contra as mulheres.


O modelo patriarcal propõe um sistema de dominação onde se cria uma relação de poder tornando a mulher vitima e refém dos desejos masculinos, tornando a mulher uma propriedade.


A violência contras as mulheres são diversas e em todas as esferas da vida elas são colocadas em condições subalternas; nas relações sociais, sexuais, na divisão do trabalho, nas ruas e etc.


São assedios sexuais, agressões psicológicas, o salário inferior aos dos homens mesmo ocupando o mesmo cargo, violência domestica, estupro, falta de autonomia sobre o próprio corpo, falta de liberdade para escolher o que vestir e ir onde quiser a hora que quiser e por aí vai as várias formas de empoderamento sobre as vidas das mulheres que são tratadas como objetos pelo sistema que é machista e isso não é atoa. Esse empoderamento sobre a vidas das mulheres gera mais poder e lucro para o sistema economico.


Hoje, dia 25 de Novembro é o dia Latinoamericano e Caribenho de luta contra a violência a mulher. Hoje, nós mulheres de diversas regiões do Brasil, sairemos nas ruas para denunciar a opressão que as mulheres sofrem.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dilma não é a favor do aborto,mas é a favor da vida das mulheres!


Motivada por perguntas que me fizeram pelas redes sociais no ultimo período, resolvi escrever um texto em resposta as associações que as pessoas fazem ultimamente sobre a Dilma e a questão do aborto.

Sendo feminista e defendendo a descriminalização do aborto nas redes sociais, tenho recebido muitos e-mails e muita gente tem me questionado: se mesmo a Dilma sendo contra o aborto meu voto vai para ela.


O que percebi é que as “grandes mídias” como as ultimas que vi; O Globo e Estadão, por exemplo, tem publicado textos afirmando que Dilma se colocou contra o aborto fazendo alianças com igrejas católicas e evangélicas (na minha opinião com o objetivo de confundir o eleitor) uma vez que Dilma realmente fez e disse isso repetidas vezes. Porém, o resto de todo esse debate não é esclarecido nessas “grandes mídias”.


Não vi eles escrevendo sobre a necessidade de uma nova lei, de novas políticas publicas, de novas condições de acesso a contraceptivos, pois como sabemos (e pra quem não sabe não é difícil imaginar); não é legal fazer aborto, não é gostoso, não ta na moda e a maioria das mulheres não gostariam de recorrer ao método, porém o aborto é uma realidade que no Brasil, e em países que a prática ainda é considerada crime, causa sofrimento, dor e injustiças; mulheres morrem, todos os dias, por recorrem a métodos inseguros de abortar e isso, tão somente porque, não temos uma política que cuide das mulheres nessa situação, pelo contrario, elas são condenadas e humilhadas, como a lei manda.


Elas são maltratadas, pois ainda temos um país que não reconhece a mulher como um ser que tem uma vida; ela não tem autonomia e nem direito de escolher, ela é fadada a ser mãe, dona de casa, cuidadora.


Sendo assim, Dilma não é a favor do aborto (e nao precisa ser), porém é importante prestar atenção que isso é uma opinião PESSOAL da candidata que afirmou, também repetidas vezes, que tratará a questão do aborto como assunto de saúde pública e isso é suficiente pra a vida das mulheres.


Assim como muitas feministas, assim como a candidata a presidencia, sou favor da vida. Da vida das mulheres, da vida que já tem planos, objetivos e sonhos. A favor da discriminalizaçao da pratica, de um aborto legal e seguro, do direito ao corpo, a escolha.


A descriminalizaçao do aborto, nao significa que todas tenhamos que fazer, nem que aumentara o número de abortos, mas sim que diminuira o numero de mortes de mulheres. Descriminalizar o aborto é uma luta independente da opinião pessoal de cada um de nós, independente se fariamos ou não, possibilita que outras mulheres possam escolher o que é melhor pra si com segurança e respeito.



Dilma afirmou:

"A minha posição pessoal é contra o aborto. (Mas) Como presidente da República eu não posso deixar de encarar. Eu não posso tratar essa questão como uma questão pessoal, só"...

"O Estado brasileiro não considerará essas mulheres como uma questão de polícia, mas uma questão de saúde pública e social.”

“Não é uma questão se eu sou contra ou a favor, é o que eu acho que tem que ser feito. Não acredito que mulher alguma queira abortar. Não acho que ninguém quer arrancar um dente, e ninguém tampouco quer tirar a vida de dentro de si”.






segunda-feira, 13 de setembro de 2010

As mulheres tem motivos para lutar


Nada mais preconceituoso, retrogrado, machista do que esse texto que saiu hoje (13) na Folha de S. Paulo no caderno Ilustrada escrito por Luiz Felipe Pondé.

Além de ter argumentos super clichês sobre o feminismo, como por exemplo "
Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia" ou "Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas" só fico pensando como uma pessoa, que pelo que me parece, não sabe nada sobre feminismo escreve uma crítica sobre.

Clichê porque o feminismo não se apropria dessas formas de rebeldia sem causa, para muito além disso, o feminismo significa a luta contra o sistema patriarcado que condena a vida das mulheres, por igualdade de gênero; o que é ser homem o que é ser mulher e o porque das diferenças objetivas entre eles, a luta pela autonomia das mulheres; divisão sexual do trabalho, melhores condiçoes de trabalho com remuneração digna;contra as diversas formas de exploração do trabalho da mulher, creches, pelos direitos de políticas públicas que protejam a mulher como a questão do aborto e a violência contra as mulheres, contra um mercado que escravisa o corpo e a vida da mulher, contra um sistema liberal que faz questão de, cada vez mais, criar formas de nos convencer o quanto as mulheres já são livres, a luta contra o livre mercado, contra a lesbofobia, homofobia, soberania alimentar, pela paz e demilitarização e etc.

Escrevo tudo isso, pois na minha visão Luiz Pondé acha que as mulheres não tem pelo o que lutar e ridiculariza o feminismo e as lutas das mulheres, posso afirma que esses argumentos são típicos de quem não se importa que haja mudanças na forma como nosso sistema funciona; escravizando pessoas, matando de fome, nas guerras, por poder, por perconceito, diminuindo as necessidades dos seres humanos ao ridículo e tudo isso reflete na vida das mulhere o chamado machismo.

Parece coerente a crítica feita por Luiz Pondé?

Leiam o texto:


Leiam para saber do que se trata.

por LUIZ FELIPE PONDÉ

SOU UM tanto maníaco por detalhes. Às vezes, me pego pensando em Walter Benjamin, o grande pensador judeu alemão que se suicidou durante a Segunda Guerra Mundial, e entendo sua obsessão pelos detalhes do mundo.
A matéria de que é feita a consciência muitas vezes se encontra nos detalhes, principalmente nos restos do mundo, restos ridículos de um mundo em clara agonia. Hoje vou dar um exemplo de como uma migalha do mundo pode ser representativa do nosso ridículo.
O detalhe ridículo de hoje se refere a um novo movimento de conscientização que nasce. Vejamos.
O que haveria de errado em mulheres que querem atrair os homens e por isso se fazem bonitas? Macacas atraem macacos, aves fêmeas atraem aves machos.
Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia. É, caro leitor, se prepare para a nova onda feminista: mulheres peludas. Para essas neopeludas que não se depilam ter pelos significa ser consciente dos seus direitos.
Quais seriam esses "direitos"? De ser feia? De parecer com homens e disputar o Prestobarba de manhã? Antes, um reparo: "direitos" hoje é uma expressão que serve para tudo. Piolhos terão direitos, rúculas terão direitos, ratos já têm direitos. Temo que apenas os machos brancos heterossexuais não tenham direitos.
Pensou? Machista! Desejou? Machista! Deu um presente? Machista! Se você aceitar ser eunuco, obediente, desdentado e, antes de tudo, temer a fúria das mal-amadas, aí você será superlegal. De repente, elas exigirão uma sociedade onde todos terão seu Prestobarba. Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas.
Estou numa fase preocupado em ajudar o leitor a formar um repertório que escape do blá-blá-blá mais frequente por aí. Por isso, nas últimas semanas, tenho indicado leituras. Proponho hoje a leitura de "Feminist Fantasies" (fantasias feministas), de Phyllis Schlafly, cujo prefácio é assinado por Ann Coulter, a loira antifeminista que irrita a esquerdinha obamista, antes de tudo, porque é linda, com certeza.
Para piorar, Ann Coulter é inteligente e articulada. Mas, em se tratando de mulher, é antes de tudo a inveja pela beleza da outra que move o mundo a sua volta.
Dirão as ideólogas do "eunuco como modelo de homem" que a culpa é nossa (masculina) porque as mulheres querem nos seduzir e, aí, elas se batem na arena da sedução. Mas, se elas não quiserem nos seduzir, qual seria o destino de nossa espécie? Para que elas "serviriam"? Deveriam elas (as que querem ser bonitas para nós homens) ser condenadas porque são normais?
O primeiro artigo deste livro é já uma pérola de provocação: "All I Want Is a Husband" (tudo o que quero é um marido).
Contra a "política do ódio ao macho", nossa polemista afirma que a maioria das mulheres, sim, quer, antes de tudo, amor e lar.
Quando elas se lançam na busca do amor e sucesso profissional em "quantidades iguais", mergulham numa escolha infernal (a autora desenvolve a questão nos ensaios seguintes) que marca a desorientação contemporânea. O importante, antes de tudo, é não mentirmos sobre isso e iluminarmos a agonia da vida feminina quando submetida à "política do ódio ao macho".
A vida amorosa nunca foi feliz. E nunca será. Mas a mentira da "emancipação feminina" é não reconhecer que ela criou novas formas de vida para a mulher em troca de novas formas de agonia.
Diz um amigo meu que, pouco a pouco, as mulheres se tornam obsoletas. Por que não haveria mais razão para investir nelas?
Conversando sobre esses medos com alunos e alunas entre 19 e 21 anos, percebi que muito da "obsolescência da mulher" é consequência de três queixas masculinas básicas: 1. Elas são carreiristas; 2. Não valorizam a maternidade; 3. Não cuidam da vida cotidiana da família. Associando-se a este "tripé", o fato que elas começam a ganhar bem, nem um "jantar" é preciso pagar para levá-las à cama. Resultado: a facilidade no sexo de hoje é a solidão de amanhã.
Mergulhadas em suas exigências infinitas, morrem à janela, contabilizando as horas, contemplando o próprio reflexo.


Uma pesquisa feita no Google por uma amiga, Thandara Santos, revelou algumas fontes de onde o autor bebe e vejam:

1.Estudos em Mística e Santidade
2. Ciências da Religião
3. Pensamento Conservador
4. Filosofia da Religião

Parece que ele aprendeu muito nesses estudos... aprendeu a ser um machista conservador intragável assim como a Folha de S. Paulo, que permite um texto desse circular.


Conheça um movimento feminista de mulheres:


www.sof.org.br













Marcha Mundial das Mulheres




























































































































































































quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Uma vida mais livre para as mulheres!






Outro dia liguei a TV e comecei a assistir o programa Super Pop, apresentado pela ex-modelo Luciana Gimenez. Em um dos blocos o quadro exibido era um tipo de esquadrão da moda no qual familiares e amigos mandavam e-mails ao programa condenando a forma como determinada mulher se vestia.

Em seguida dois estilistas de moda abordaram a mulher em sua casa e começavam a vasculhar o guarda-roupas da mesma a fim de repagina-la deixando-a mais bonita e sensual no seu dia a dia para seu marido e também para ela mesma. Esse é um argumento muito utilizado entre e com as mulheres, pois na sociedade em que vivemos as mulheres tem, obrigatoriamente, de assumir o papel de super-mulher; além de terem uma vida profissional bem sucedida precisam manter a tarefa de cuidar do trabalho doméstico e da educação dos filhos, tendo sempre de estarem vestidas de acordo com a moda, cheirosas e maquiadas, usando o absorvente que não marca a roupa, passando o creme que, supostamente, elimina as rugas e etc.

A idéia de uma beleza impossível que só pode ser alcançada adquirindo os milhares de produtos cosméticos ou cirurgias plásticas que, cada vez mais, alimenta um sistema que coloca o corpo e a vida das mulheres como produto de mercado, escravizando todos os dias milhares de mulheres impondo padrões estéticos que, em muitos casos, provocam distúrbios alimentares ou, por exemplo, o uso excessivo dessas parafernálias que são inventadas para tornarem as mulheres dependentes desse tipo de consumismo.

Esse quadro me chocou muito, pois a mulher era constantemente humilhada pelos apresentadores que geralmente tinham comportamentos muito agressivos e preconceituosos, a partir daí comecei a prestar atenção em quantos macetes são utilizados pela mídia, para reforçar a imagem da mulher como sendo por natureza, cheia de doçura e sensualidade com as obrigações relacionadas ao seu sexo feminino.

A apresentadora Luciana Gimenez citou que a mulher precisa se valorizar mais usando o sutiã que deixa os seios mais fartos, a maquiagem que rejuvenesce, a tinta de cabelo que ilumina, depois o estilista que dizia que a roupa da participante do quadro era horrível e grosseira, pois se parecia com as roupas usadas pela Joelma (vocalista e idealizadora da banda Calypso) e ela precisava ficar mais feminina e Slim. Ou o vocalista de uma banda que disse para o marido da participante: Agora vê se trata bem essa mulher, hein, rapaz?!! Ou seja, expressões que reforçam a mulher como ser inferior passível de qualquer situação como essas que citei acima, claramente expondo que dessa forma a mulher estaria do jeito que o marido quer e por isso, ela merecia ser tratada bem, reforçando o preconceito contra as diferentes maneiras de ser vestir, viver e se expressar. Legitimando todas as formas de submissão que a mulher é colocada, pois uma vez que ela não está bem vestida ou não está com o jantar pronto, merecem algum tipo de punição que pode ser comprado também com o fato de ela estar de minissaia possa legitimar qualquer tipo de violência verbal ou física que ela pode sofrer ao andar na rua, ou seja, as mulheres são aprisionadas por esses macetes e falsas idéias de liberdade que a mulher vem conquistando nos últimos anos.

Que liberdade é essa?

Fanzine feito no EME 2009 e tirado do blog Mulheres em Marcha.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cuidado! machismo mata!





Segundo informações divulgadas pelo site Terra hoje (26/08), o advogado de Bruno, ex-jogador do Flamengo, fez novos ataques a Eliza Samudio. Eliza foi vitima de uma violência brutal e seu corpo está desaparecido há 04 meses.


Os argumentos usados pelo advogado para defender Bruno são tão sujos quanto o que aconteceu com Eliza; segundo as denuncias, o ex-jogador – com ajuda de amigos – teria espancado Eliza, executado e jogado o seu corpo para alimentar seus cães.

A mídia joga palavras e frases polêmicas para alimentar e dar ar de mistério ao show de horrores, mas se esquece de questionar os motivos pelos quais Eliza teria sofrido tais barbaridades. A defesa de Bruno afirma:


“Como pode a pessoa que se diz seqüestrada, ligar para o seqüestrador e pedir para ir buscá-la, abrir a porta do carro por livre e espontânea vontade e entrar no condomínio sem sequer ser notada pelos funcionários?... [ ] pessoas como ela, que vendem o corpo e participam de orgias, é difícil dizer se ela não sofreu nada de mais. A imagem dela diz por si só. Um dos atos que ela praticou está na internet e eu mesmo recebi por e-mail", afirmou o advogado Marcio Carvalho.


O que percebo é que Eliza está sendo culpada por ter sido agredida e morta, assim como milhares de mulheres que são acusadas de serem culpadas todos os dias em delegacias, por amigos(as) ou pela família por sofrerem violência domestica, serem ameaçadas e / ou estupradas. Nossa sociedade que funciona em um sistema patriarcal dá carta branca pra que os homens façam qualquer tipo de violência contra uma mulher, seja a agressão física ou a psicológica com desculpas diversas que em sua maioria culpabilizam as próprias mulheres por suas posturas, roupas, maquiagens, etc. Analisando a frase do advogado Marcio Carvalho, podemos concluir que Eliza era prostituta e por isso pode ser morta? Pelo simples fato de que Bruno não queria assumir o filho – que, diga-se de passagem, ele também fez – se explica e legitima tal brutalidade?


Não é nada disso. O machismo que faz parte do nosso cotidiano e que se expressa em formas de controle e de poder, mata 10 mulheres por dia no Brasil. Infelizmente o caso da Eliza é só mais um que choca a população por alguns dias, mas que não passa de um assunto da semana nas mídias. Impressionante como esses questionamentos sobre a postura de Eliza, as atitudes ou as roupas que usava ainda tem espaço pra serem faladas em uma audiência... Fica claro que uma mulher não tem liberdade pra vestir o que quer ou pra fazer o que bem entender, pois ela não é um ser formador de opinião, ela é um nada dentro do sistema machista, de mercado e de sistema que oprime e mercantiliza a vida e o corpo da mulher.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Colaboro com o abaixo assinado SALVE O MANOS E MINAS.

Precisamos colocar a questão da cultura de rua, mais especificamente da periferia, no centro das discussões de cultura em SP. O hip hop precisa ganhar força para estar nos espaços de (re) organização cultural, pois como sabemos ele é uma forma de protesto, é uma forma de reivindicação ao nosso sistema que exclui essa parcela da sociedade prejudicando na vida cotidiana e nas oportunidades que são tiradas de tantos jovens. O programa Manos e Minas coloca em pauta temas que fazem parte da realidade da população pobre no Brasil, qua vai desde uma busca pelo trabalho formal até a questão do transporte público, a questão das enchentes e outros problemas concretos que prejudicam o corre da galera com a idéia de abrir espaço pra reflexões e criticas sobre as dificuldades cotidianas da vida dos jovens em bairros esquecidos pelo atual governo de SP. Reforçando que falo também contra o desmonte da TV Cultura que matem a idéia da privatização da emissora. Estão tentando, mas não vão nos calar. Contribua com as assinaturas do abaixo assinado.


Abaixo assinado salve o Manos e Minas
Postado por Mandrake no site do Portal Rap Nacional
manoseminas-logo
Abaixo assinado salve o Manos e Minas
| leia esse artigo

Pela primeira vez a cultura de rua e a periferia tiveram voz na televisão aberta. O Manos e Minas, da TV Cultura, foi o veículo dessa voz que agora está sendo calada. João Sayad, o presidente da Fundação Padre Anchieta, tirou Manos e Minas do ar – o único programa que mostrou que periferia não é sinônimo de bandidagem. Ali nascem também artistas, trabalhadores e músicos, gente que faz Cultura de verdade.

Esse abaixo-assinado é uma das formas de protesto contra essa decisão arbitrária e desrespeitosa com a população mais carente que tinha no Manos e Minas o seu único e melhor canal de expressão. Diga não ao fim do Manos e Minas. O Portal RAP NACIONAL está fazendo a sua parte, e pede para que você participe, colabore e ajude a salvar o Manos e Minas, deixe seu nome e RG nos comentários pelo site:

http://www.rapnacional.com.br/2010/index.php/noticias/abaixo-assinado-salve-o-manos-e-minas/




quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Moção de Repudio contra a ação criminosa da Rede Globo em relação às mulheres que praticam aborto

É “fantástico” como a Rede Globo, ao longo dos últimos anos, tem cumprido um papel de afirmar e incrementar visões conservadoras na sociedade brasileira de forma geral, e de reafirmar a ideia do aborto como assassinato, em particular. As novelas da Globo têm sido o principal instrumento para veicular esta visão de aborto como crime e taxar as mulheres que o praticam de assassinas.

Não bastasse, esta emissora tem também assumido um papel policialesco, ao produzir reportagens para criminalizar e denunciar o aborto clandestino. Não podemos esquecer que o estouro de uma clínica no Mato Grosso do Sul, no final de 2007, que resultou na exposição pública do nome de dez mil mulheres e na condenação de trabalhadoras e de mulheres que fizeram aborto, foi desencadeada a partir da ação desta emissora, após denúncia feita contra a clínica.

A partir deste episódio, tem se desenvolvido no Brasil uma ação sem precedentes de criminalização do aborto. Inclusive com a proposta de uma CPI do aborto, contra a qual os movimentos têm lutado. Sabemos que a Rede Globo não está sozinha. Ela se articula com o setores mais conservadores da sociedade, que reúne parlamentares e igreja católica, com o intuito de retroceder nos poucos avanços que as mulheres conquistaram na área dos direitos reprodutivos.

Neste domingo, 1º de agosto, o programa Fantástico fez uma reportagem no mínimo revoltante. Em uma ação policialesca, entrou em clinicas clandestinas de Salvador, Belém e Rio de Janeiro para denunciar o aborto clandestino. Como sempre, foram expostas as mulheres pobres e as clínicas que atendem mulheres pobres, marcando assim o caráter de classe da criminalização do aborto. Por que não mostrou as clínicas em que as artistas e celebridades da Globo fazem abortos? Por que não mostrou os médicos as atendem? Ficou claro as mulheres ricas e as artistas da globo ficam preservadas, pois para elas o aborto não é problema, e nem é feito nestas clínicas.
Esta atuação da Globo somente reforça a já emblemática situação de criminalização instaurada no país. Sabemos que o aumento da repressão empurra as mulheres pobres para práticas de aborto cada vez mais inseguras, condenando-as a correr graves riscos para suas vidas, e para sua saúde física e psíquica. Além de não contribuir para reduzir este grave problema de saúde pública, alem de demarcar o lugar de subordinação das mulheres, já que elas não têm o direito de decidir sobre seus corpos e suas vidas.
É preciso lembrar sempre que são as mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, as que mais sofrem com a criminalização. São elas que recorrem à clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar para países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.

Diante de tudo isso, nós, mulheres da Marcha Mundial, vimos a público repudiar esta ação criminosa da Rede Globo contra as mulheres pobres que praticam aborto. Ao invés de punição, nós propomos para o Brasil uma política pública integral de saúde que auxilie mulheres e homens a adotarem um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito. Somente a legalizaçao do aborto no Brasil é capaz de reverter a situação dramática da clandestinidade do aborto, que mata, humilha e pune as mulheres que ousam decidir por suas vidas.

Fazemos coro com os movimentos que lutam pela democratização dos meios de comunicação para dar um basta nesta postura criminosa, reacionária e autoritária da Rede Globo.

Fora Rede Globo! Basta de violência contra a mulher!
Pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Marcha Mundial das Mulheres


http://www.sof.org.br/marcha/?pagina=inicio&idNoticia=465

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Polícia tucana de Santa Catarina tem um estupro para esclarecer




É por isso que o Daniel Dantas quer calar a internet


por Paulo Henrique Amorim


Dois adolescentes estupraram uma menina de 13 anos em Florianópolis.

Um estuprador é filho do dono da RBS, afiliada da Globo, e manda-chuva da mídia no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

O outro é filho de um delegado de Polícia de Florianópolis.

Um deles já confessou o crime.

O estupro morreria nos escaninhos da Polícia de Santa Catarina, não fossem um blogueiro, o Mosquito, do Tijoladas Mosquito, e a Rede Record.

Reportagem de ontem do Domingo Espetacular revelou que havia um terceiro adolescente na cena do crime.

Revelou também que havia uma mulher, além da ex-mulher do dono da RBS, na cena do crime: essa segunda mulher passou maquiagem no pescoço da estuprada.

Para esconder um hematoma.

E revelou que havia um homem com uma tatuagem no braço, que sugeriu à menina estuprada que inventasse uma boa história para o pai.

O crime produziu alguns fatos políticos relevantes.

Primeiro, destacou a covardia do Governo tucano de Santa Catarina, liderado por um varão de Plutarco, Leonel Pavan, que reassumiu a presidência do PSDB no Estado e ali coordenará a campanha do Serra.

A Polícia do tucano demorou a apurar os fatos, se esqueceu de pedir exames cruciais, e não apreendeu as fitas das câmeras de vigilância do prédio onde mora o filho do dono da RBS.

E não quis saber, até agora, do terceiro adolescente na cena do crime, da segunda mulher e do homem tatuado.

Quem é esse terceiro garoto ?

Também é de família poderosa ?

Ele também estuprou ?

O homem tatuado fazia o que ali ?

Participou do estupro ?

E a segunda mulher, a maquiadora, de onde surgiu ?

São todos cúmplices de um crime, ou criminosos.

O segundo aspecto relevante da história, depois da covardia do governo tucano, é o poder da família Sirotsky, os donos da RBS e afiliados da Globo no Sul do país.

Não fossem a Record e o Mosquito, os Sirotsky tinham abafado o caso.

É a opinião de cerca de 20 pessoas que entrevistei na frente do Mercado Municipal de Florianópolis, na ultima quarta-feira.

Me disse uma senhora negra: se fosse o meu filho, negro, já teria sido chamado de favelado e traficante e estava na cadeia.

A cadeia para menores pobres de Florianópolis é um horror.

Uma masmorra, de onde os menores fogem em massa.

O filho do delegado e o do dono da RBS estão em casa.

Por fim, esse sinistro episódio – que a Globo e o PiG (*) solenemente desconsideram – mostra a força da internet.

O Mosquito detonou a RBS, a que chama de “família Stuprotsky”.

É por isso que o Daniel Dantas, o Eduardo Azeredo, o Marco Maciel e um desconhecido deputado comunista do Amazonas querem fechar a internet brasileira.

Clique aqui para ler “Google derrota governo comunista da China”.

É porque a internet, gente como o Mosquito, detonou o monopólio que eles controlavam.

O Serra, por exemplo.

Bastava dar três telefonemas para controlar a mídia brasileira.

Para o Rupert Marinho, para o “seu” Frias e para o Ruy Mesquita.

A Abril vinha no rolo, porque o Robert(o) Civita nunca fez parte do clube.

Em 15 agradáveis minutos ele abafava o estupro de Santa Catarina.

Agora, é um pouco mais difícil.

O Serra tem que ligar para muita gente

Para o Mosquito, não adianta.

Porque foi ele quem detonou a credibilidade do presidente dos tucanos de Santa Catarina.

O mal já está feito.



In dubio pro men: showrnalismo, misoginia e futebol

De tempos em tempos, UM crime brutal alimenta as manchetes da mídia brasileira, causando efêmera comoção popular e despertando uma sede de justiça tão grande quanto a de vigiar e punir os assassinos dentro de nós mesm@s. Porém, ao contrário da sentença de condenação, proclamada pelo tribunal-midiático-popular antes mesmo do fim das investigações dos casos Isabela Nardoni e Susane von Richthofen, o caso Eliza Samudio conta com uma testemunha muito relevante a seu favor: o “machismo blindado” pela aliança entre capitalismo e patriarcado.

Mal a pauta da gravidez da modelo Eliza Samudio surgiu na mídia, fez-se coro para taxá-la de prostituta, maria-chuteira e oportunista, enquanto ela tentava provar a paternidade de Bruno Fernandes, goleiro do Flamengo. Até um filme pornô do qual Eliza teria participado surgiu à tona. Ela já havia registrado queixa de agressão contra o goleiro, e, em outubro de 2009, a delegada responsável pela Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá (RJ) pediu à Justiça medidas de proteção para a jovem. Em entrevista ao Jornal Extra, descreveu as ameaças. Oito meses depois, ela desapareceu, sem que qualquer providência houvesse sido tomada.

Quando o desaparecimento e a suspeita de assassinato voltaram a colocá-la em evidência, as revistas Veja e Isto É, em sintonia com a Rede Globo e com outros tantos veículos de comunicação, também usaram-se do argumento da desqualificação da jovem para dar seu veredito in dubio pro reu. Na capa da Isto É, a foto de Eliza em pose sensual elimina qualquer possibilidade de discurso a seu favor. Já na Veja, as palavras-chave “orgias”, “traição” e “horror”, deixam semioticamente explícita mensagem de igual teor, a qual nós da Marcha Mundial das Mulheres tratamos por mercantilização do corpo e da vida das mulheres.

A aliança machista logo se articulou para defender o jogador repetindo episódio ocorrido com o próprio Bruno em março desse ano, quando indagou, em defesa do amigo e colega de trabalho Adriano: “Quem nunca saiu na mão com a mulher?”. Como não poderia ser diferente, no Twitter, a rede social do momento, logo o nome de Eliza constava entre as palavras mais citadas, e, reflexo dessa aliança, a maioria continha condenações moralistas e piadas sexistas.

Mas o que parece ter passado despercebido é que o tópico deveria ser Bruno, e não Eliza. A culpa é do estuprador, e não da mulher que estava de saia, tampouco da saia de Geisy Arruda. A questão não é o comportamento sexual da moça – que, convenhamos, também não engravidou sozinha – e sim o comportamento violento do goleiro. Mas Bruno já está absolvido pela mídia e pelo povo. No Programa “Mais Você” dessa sexta (9), exaltava-se a origem humilde do rapaz e as boas ações realizadas por ele na comunidade, nos levando a pensar que “ele não é tão mau assim, vai”. Somam-se a isso o depoimento de crianças dizendo que sonham em serem jogadores de futebol profissionais e o quanto ficarão decepcionadas se Bruno for culpado; e a entrevista, em clima familiar, com Lúcio, jogador da Seleção Brasileira, mostrando como é um bom pai e marido.

As investigações conduzem à incriminação do jogador e de sua trupe de amigos-primos de apelidos e tatuagens estranhos. No entanto, a conclusão do inquérito pouco importa quando o assunto é violência de gênero. Os juízes da comunicação e boa parte do júri popular brasileiro, sejam eles rubro-negros ou não, há muito já deixaram a rivalidade e as evidências de lado em prol da manutenção da tal aliança. No fundo, Bruno não pode ser condenado, porque representa o futebol-além-do-bem-e-do-mal. Puni-lo publicamente seria desvelar que a violência contra a mulher existe, e que os todo-poderosos-boleiros, além de baterem em prostitutas e patricinhas, também assassinam brutalmente mulheres com quem tiveram um filho. O caso também desvela outra cruel realidade: a rede de prostituição alimentada pelo mundo do futebol multimilionário. As tais “festas de jogadores”, nas quais são contratadas dançarinas, atrizes pornôs e prostitutas, muitas das quais acabam vítimas de agressão física, são apenas uma faceta da indústria do sexo, que levou 40 mil prostitutas à África do Sul, só no período da Copa do Mundo de 2010, e que movimenta, por ano, de 5 a 7 milhões de dólares.

No país em que uma mulher é violentada a cada 15 segundos, e dez mulheres são assassinadas por dia, as vítimas de agressão e o movimento feminista lutam para que a Lei Maria da Penha seja, de fato, cumprida, e para que, um dia, possamos viver em um mundo livre de machismo e de violência.

Por: Bruna Provazi begin_of_the_skype_highlighting end_of_the_skype_highlighting, militante da Marcha Mundial das Mulheres - São Paulo

terça-feira, 6 de julho de 2010

A copa do mundo e a prostituição

O processo de preparação para a Copa do Mundo trouxe para a África do Sul o debate da descriminalização e regulamentação da indústria do sexo. O país sede do mundial esperava receber neste período cerca de 40 mil prostitutas dentre meio milhão de visitantes que devem passar pela copa até o final.

Na Alemanha, em 2006, não foi diferente, com a indústria do sexo legalizada desde 2002, o país se preparou para a copa com a construção de estádios, hotéis e luxuosas casas de prostituição, acreditando os investidores que futebol e sexo caminham juntos.

O projeto de lei que previa esta regulamentação da prostituição na África do Sul não foi adiante. Porém, nos argumentos das entidades defensoras desta causa estão a forte discriminação sofrida pelas prostitutas no país, uma vez que, com a ilegalidade da prostituição, esta mulheres não podem contar com o apoio de nenhuma instituição pública, seja a polícia, em caso de violência, ou o serviço de saúde, para prevenção e tratamento de DSTs, por exemplo.

O fato é que criminalizar as mulheres não é mesmo o caminho, muito pelo contrário, elas precisam de todo um suporte do Estado para a garantia de uma vida digna, com distribuição de renda, acesso aos serviços públicos como saúde e educação e políticas públicas para construção de sua autonomia financeira.

Porém, as mulheres não são as verdadeiras beneficiadas com a prostituição. Tais medidas visam claramente a defesa sanitária dos usuários da prostituição, dado os altos índices de HIV na África do Sul.

Além disso, precisamos considerar que a prostituição se torna uma atividade cada vez mais rentável para os capitalistas, esta regulamentação tem como efeito estimular o crescimento da indústria do sexo. Segundo o Parlamento Europeu, a indústria sexual ilegal realiza, por ano, mais dinheiro do que todos os orçamentos militares do mundo juntos (5 a 7 mil milhões de dólares) e cerca de 4 milhões de indivíduos, principalmente jovens mulheres, são anualmente transportadas dentro de um mesmo país e entre países com o objetivo de serem exploradas sexualmente.

Mulheres oriundas de países subdesenvolvidos são as maiores vítimas desta exploração. Vivendo em situação de pobreza absoluta, com baixa escolaridade, empregos precários, elas tornam-se presas fáceis para os aliciadores e acabam encontrando na prostituição uma alternativa para escapar da miséria a que estão submetidas. É a manutenção das pessoas na miséria que garante o fornecimento de meninas para o mercado do sexo. Por este motivo, a prostituição não pode ser encarada como uma opção individual das mulheres, sem considerar as condições de vida que a elas foram oferecidas.

A próxima copa do mundo será no Brasil, o debate da regulamentação da prostituição já é ventilado por algumas entidades da sociedade civil, setores do governo e do parlamento.

O fato é que a Copa do Mundo está diretamente atrelada ao turismo sexual, atividade que tem raízes principalmente na relação entre turismo e populações carentes, já que vivemos em um modelo econômico perverso e injusto que visa exclusivamente o lucro de poucos e não se importa com a vida das mulheres. Por isso, precisamos ficar atentas para não deixarmos que a pressão dos investidores fortaleça uma posição favorável à legalização da indústria do sexo no Brasil.

por Verônica Maia, militante da Marcha Mundial das Mulheres no Ceará.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Amor e morte - tramas afetivas do feminicídio

por Maria Dolores de Brito Mota *



Os assassinatos de mulheres por seus parceiros ou ex-parceiros amorosos são crimes frequentemente denominados de passionais e marcados por atitudes dos assassinos relacionadas com manifestações de ciúme, de inconformismo com a separação, disputa de bens ou de filhos, contrariedade com o pagamento de pensão, entre outros decorrentes do estabelecimento do relacionamento ou de sua dissolução. A primeira questão a ser considerada é o significado da palavra "passional", que designa paixão e emoção, mas não pode ser automaticamente associada a amor. A segunda questão é que quase sempre esses crimes não ocorrem sobre forte tensão emocional, no meio de uma briga em que os ânimos se exaltam; mas, sim, em situações que mostram claramente que havia uma intenção prévia do homem de matar a mulher. Esse aspecto afetivo passional deve ser desmistificado para compreendermos o significado e as determinações do feminicídio, não como um resultado trágico de um amor ou paixão intensa, de emoções incontroláveis, mas como alternativa construída por elementos de uma cultura de dominação masculina em que a violência é um de seus componentes. Vejamos algumas questões relacionadas às tramas afetivas tangentes no feminicídio: a violência como elemento das relações históricas entre homens e mulheres; o amor como uma construção social; o amor romântico e apaixonado no contexto de relações de dominação e desigualdade de gênero.

A violência como elemento das relações históricas entre homens e mulheres

Na história do processo civilizatório, a violência dos homens contra mulheres não diminuiu; ao contrário, foi se tornando mais intensa e evidente. Nas sociedades pré-modernas havia um controle exercido sobre as mulheres que eram consideradas propriedade de clãs, de famílias ou de grupos sociais, mas nem sempre isso tinha uma relação direta com uma violência praticada contra elas. Entretanto, a própria condição de propriedade que era trocada em acordos comerciais ou políticos não seria já uma violência? Além disso, nessas circunstâncias o estupro era uma das faces de uma violência comumente exercida pelos homens, já que agredir as mulheres de um território em disputa ou em guerra era uma maneira de atingir os homens com os quais tais mulheres tinham relações familiares ou afetivas, uma vez que estas lhes pertenciam.

Parece haver uma relação entre violência e a dominação masculina, como se a violência estivesse integrada ao modelo de uma sexualidade masculina radicada na força e no controle da mulher, sendo o "esteio do controle dos homens". Essa violência dos homens contra mulheres está relacionada a várias formas de "intimidação", de "perseguição" e de "desqualificação", que nos fazem alvo de inúmeras agressões. Entender como essa violência se constituiu em diferentes épocas e sociedades é uma possibilidade de conhecermos os mecanismos que a engendram e a desenvolvem de modo a buscarmos os mecanismos de sua desconstrução.

O amor como uma construção social

O amor não é apenas um sentimento, mas é um construto da sociedade. O sentimento é despertado, sentido e formatado de acordo com códigos sociais. Assim, desde a idade média até o presente momento, várias representações de amor se constituíram na história, como o amor cortês, o amor romântico, o amor paixão, e mais recentemente novas formas de amor estão em curso como o amor confluência e o amor construção. O amor cortês conhecido como idealizado, galanteador, era uma contradição entre o desejo erótico e o sentido de realização espiritual "um amor ao mesmo tempo ilícito e moralmente elevado, passional e autodisciplinado, humilhante e exaltante, em que o homem faria tudo por sua amada, mas não se realizava numa relação possível. O amor romântico é uma forma de amar que se pretende a única relação íntima válida, supondo que duas pessoas se amem mutuamente, sempre na incerteza por uma busca constante pela verdade do amor do outro, esperando uma união total de duas pessoas suprimindo-se as diferenças entre elas. O amor como paixão emerge no contexto de vigência do amor romântico, acentuando a experiência de amar como um sofrimento, em que o apaixonado se submete ao seu comando, ao mesmo tempo em que deve se empenhar na conquista.

Esse amor representa auto-sofrimento, prisão, martírio, controle e desregramento no desejo de estar sempre experimentando essa força avassaladora empolgando e corroendo, perseguindo o controle do outro e descontrolando-se. Outras formas de amor estão se desenvolvendo a partir de mudanças sociais decorrentes das lutas das mulheres por direitos e por cidadania, que estão sendo denominadas de amor confluente ou amor construção. O amor confluente é definido como baseado em valores de igualdade entre homens e mulheres, em confiança e negociação mútua e sentimentos partilhados por parceiros com papéis cada vez mais próximos socialmente. O amor construção é entendido como um processo, em que o amor e a paixão são o pretexto inicial, mas que vai se "transformando num sentimento mais estável, mais ‘construído’.

Amor e desigualdade de gênero

O amor romântico e o amor paixão predominantes no nosso imaginário social, integrados a relações de gênero desiguais tornam-se avassaladoras para as mulheres ao acentuarem a sua sujeição às exigências de um amor que estabelece o homem como o conquistador, o condutor da relação, determinando como desejo amoroso da mulher ser o objeto de desejo do homem. Em geral as pessoas acreditam que se o homem gosta e quer a mulher, esta não deve recusar, deve sentir-se agraciada por isso. Ditos populares como "ruim com ele, pior sem ele", exprimem essa idéia. O amor como uma construção social emerge de "uma teia de relações sociais de poder, cujas dinâmicas estão na origem da desigualdade, da discriminação e da violência". A vivência do amor reproduz as relações de poder desiguais entre homens e mulheres, de maneira que os discursos amorosos podem garantir ações que legitimam a continuidade do sistema patriarcal e se tornam "discurso de risco para as mulheres".

Estamos vivendo tempos de mudanças sociais fortemente influenciadas por transformações nos papéis sociais das mulheres que não se enquadram nos limites do amor romântico nem do amor paixão. Já não é suficiente ser a cara metade, ou a banda de uma laranja, é preciso ser uma pessoa inteira. Mesmo que sonhem com os príncipes românticos e apaixonados, a realidade de um amor vivido requer o encontro de duas pessoas inteiras, com identidades próprias e independência econômica. As mulheres já não conseguem ficar atrás de grandes homens, querem realizar e crescer lado a lado. Diante da vontade e desejos próprios das mulheres, muitos homens não se reconhecem como tais, pois foram socializados para uma relação de dominação, sujeição e punição; impossibilitados de cumprirem esse papel destroem com intenso ódio o ser que lhe interdita.

A luta contra o patriarcalismo e o enfrentamento da violência de gênero praticada contra as mulheres, que muitas vezes tem culminado no feminicidio, requer também uma crítica ao amor romântico e ao amor paixão, e a ativação e estímulo a formas libertárias de amar. O fim do feminicídio exige a plena igualdade e justiça de gênero e formas de amar que não dividam e tornem dependentes e inseguras as pessoas que constituem a relação amorosa, mas sim que as fortaleçam e reconheçam em sua singularidade e autonomia.


*Socióloga, Profª da UFC, Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero, Idade e Família, NEGIF


http://palabrademujer.files.wordpress.com/2009/11/feminicidio.jpg

sexta-feira, 11 de junho de 2010

...e depois a Globo faz uma reportagem (nao me lembro em que programa, mas náo importa, vindo da rede globo...) sobre prostituicao colocando o tema de forma que ela pareca uma coisa tranquila... uma questao independente de outros problemas sociais, uma coisa que acontece e que nao violenta a vida das mulheres. A reportagem se baseou na vida cotidiana de uma"acompanhante". As cenas mostravam dinheiro, roupas bonitas", sapatos e bolsas caras em um carro de classe media andando pela cidade de SP, atendendo os clientes em hoteis caros e frequentando saloes de estetica e academia. Uma moca bonita e bem cuidada contava sua história com sorriso no rosto como se aquilo algum dia tivesse sido uma escolha a anos atras quando teve duas filhas e precisou sustentar e criar sozinha.
Esse problema tem que ser olhado mais de perto, com mais cuidado e humanidade.
Quando o mundo é um prostíbulo
Por racismoambiental, 31/05/2010 09:42

Fruto de uma investigação, um ex-empregado de um banco denuncia o negócio planetário do tráfico sexual e a vida atroz das cerca de um milhão de mulheres escravizadas para exercer a prostituição.

A reportagem é de Lola Galán, publicada no jornal El País, 30-05-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

As meninas e jovens que se oferecem por umas poucas rúpias nos prostíbulos gigantescos de Kamathipura e Falkland Road, em Mumbai, não são muito diferentes das adolescentes do Leste Europeu encerradas em clubes noturnos em Mestre, perto de Veneza. Ou das jovens nigerianas detidas, sob ameaça de morte, em cortiços perdidos entre as estufas de Almería, na Espanha, como as que a polícia libertou há alguns dias.

Umas e outras são escravas sexuais. Um termo aparentemente defasado em pleno século XXI, que descreve, infelizmente, uma realidade nada infrequente. Mais de um milhão de adolescentes e de mulheres jovens alimentam hoje esse sórdido negócio que proporciona aos que o exploram milhares de milhões de euros de lucro por ano. Mulheres vendidas, enganadas ou raptadas pelos próprios grupos mafiosos que controlam o tráfico sexual.

Como se desenvolve o tráfico de mulheres no mundo global? Quem são suas vítimas e quem são os carrascos? “As vítimas são mulheres jovens, pobres, muitas pertencem a minorias étnicas, ou vêm de países instáveis e estão desesperadas para emigrar. Os campos de refugiados também são um campo propício para recrutá-las”, explica Siddharth Kara (foto), na conversa telefônica de sua casa em Los Angeles. Ele é autor de um livro sobre o assunto, “Tráfico sexual. El negocio de la esclavitud moderna”, publicado pela Alianza Editorial. Kara, de 35 anos, ex-empregado do banco de negócios Merrill Lynch, deixou seu lucrativo trabalho para iniciar, no ano 2000, uma série de viagens pelo mundo que o levariam ao coração do tráfico sexual através de três continentes.

Nos países do sul e do leste da Ásia, nos Estados Unidos, no leste da Europa, nos Bálcãs e na Itália, Kara teve contato com escravas, assistentes sociais, intermediários e alguns traficantes. O resultado desse amplo trabalho de campo é o livro sobre esse negócio desumano, que analisa os aspectos econômicos sem esquecer o drama profundo das jovens exploradas.

Dramas como o de Mallaika, uma ex-escrava sexual que Kara encontrou em Mumbai. Casada aos 13 anos, após dar a luz à dois filhos mortos, o marido a vendeu a um intermediário quando ela tinha recém completado 16 anos. Mallaika trabalhou toda a sua juventude como escrava sexual, obrigada a satisfazer a dezenas de clientes por dia. No gigantesco bordel, imperava a lei mais brutal. Todos os dias, escravas como ela morriam violentamente. Depois, ela passou a trabalhar como prostituta pelo sistema indiano de adhiya. A metade do que ela ganhava era para o dono do prostíbulo. Infectada pelo vírus da Aids quando Kara a encontrou, Mallaika estava consciente de que seus dias estavam contados.

Free the Slaves

Siddharth Kara, membro da direção da ONG Free the Slaves, criada em 2000 por um grupo de intelectuais para lutar contra a escravidão, conta que seu interesse pelo assunto surgiu quando era estudante na Universidade de Duke (Carolina do Norte). Em 1995, Kara passou algumas semanas no campo de refugiados de Novo Mesto (Eslovênia). Ali, uma jovem bósnia lhe contou que soldados sérvios raptaram algumas de suas companheiras e as levaram a prostíbulos de Belgrado.

Essa lembrança nunca lhe abandonou. E, no ano 2000, com alguma coisa de dinheiro economizado, uma simples mochila, uma câmera de fotos e um gravador, lançou-se à aventura de ver com seus próprios olhos a natureza do tráfico de mulheres. “Calculo que agora mesmo haja em torno de 1,3 milhões de escravos sexuais, a maioria mulheres e meninas”, diz Kara. “Mas não devemos esquecer que são muitas mais as pessoas escravizadas no negócio da prostituição”.

Kara acredita que uma das razões do auge desse comércio é a sua rentabilidade, só superada pelo tráfico de drogas. Mas com um risco muito menor. Por que os mafiosos que controlam o tráfico sexual correm menos risco de ser detidos? “Há várias razões. A corrupção policial, a dos guardas da fronteira, a do sistema judicial. Também não há fundos para atender as escravas que conseguem se libertar, e é difícil que elas denunciem os traficantes. Além disso, as forças encarregadas de lutar contra essa chaga não têm meios, nem estão coordenadas globalmente”.

Quando Siddharth Kara iniciou sua investigação, ele se deparou com o fato de não haver dados nem evidências testemunhais do tráfico. “Dedicavam-lhe muito pouca atenção. Nem sequer na imprensa. Hoje, há mais interesse, mas nem sempre é um interesse sadio. Há jornalistas e membros de ONGs que só querem contar histórias sensacionalistas para construir suas próprias carreiras. Além disso, os recursos econômicos são limitados. Por não sei qual razão, a luta contra o tráfico de mulheres está subordinada a outros problemas, como o terrorismo, o tráfico de drogas, ou a imigração. Além de haver uma apatia institucional histórica na hora de reconhecer as dimensões desse problema e de lhe dar uma solução. Seguramente, como as mulheres ainda são discriminadas no mundo, elas recebem uma atenção menor”.

Dramas pessoais

A vida das escravas sexuais está dominada por um mesmo horror, seja no Oriente ou no Ocidente, no Norte ou no Sul. Kara entrevistou jovens que sobrevivem meio drogadas nos prostíbulos mais sujos de Mumbai e meninas do Leste Europeu obrigadas a ficar nas ruas de Roma e encontrou trágicas semelhanças.

“Poderia parecer mais sórdida a situação das escravas sexuais na Índia, mas o trato que essas jovens recebem tem aspectos comuns em ambos os países. Todas sofrem contínua violência, são torturadas e ameaçadas constantemente e obrigadas a ter relações sexuais com dezenas de indivíduos por dia. Na Índia, a prostituição está proibida, e tudo é feito às escondidas, enquanto que na Itália a prostituição de rua é autorizada, salvo para as menores de idade”.

Na cidade santa de Benarés, Kara se encontrou com Devika, uma adolescente com uma história estremecedora. “Quando eu tinha 13 anos, um dia um homem, ao qual eu conhecia pelo nome de Raj, me abordou a caminho da escola. Me pegou pela mãe e me disse que me mataria se eu gritasse pedindo ajuda. Ele me levou para a sua casa e me violentou. Abusava de mim todos os dias e trazia outros homens para que tivessem relações sexuais comigo”. Até ser resgatada, Davika passou meses trabalhando na casa-prostíbulo de Raj, que a obrigava a ter relações sexuais com mais de 20 homens por dia.

Sua história, com exceção das enormes distâncias culturais e geográficas, parece-se à de Tatyana, uma menina moldava de 18 anos que passou 26 meses como escrava sexual na Itália.

O erro de Tatyana (os nomes que Kara cita em seu livro não são autênticos) foi se apresentar ao anúncio publicado por um jornal de sua cidade natal, Chisinau (Moldávia), no qual se solicitavam jovens para trabalhar no serviço doméstico na Itália. “Assim que saí de casa, meus companheiros me violentaram e depois me mantiveram vários dias sem comer”, relata no livro. Sua primeira parada foi na Sérvia, onde foi comprada por traficantes albaneses. Mais tarde, foi vendida novamente para a Albânia. Dali passou para a Grécia, onde os mafiosos que a acompanhavam colocaram-na em um barco rumo à Itália. “Ali, os albaneses a colocaram no porta-malas de seu carro”, relata Kara em seu livro, “e a levaram diretamente para Milão, onde foi vendida ao proprietário de um clube noturno”. Todas as noites, ela tinha que deitar com os clientes e satisfazê-los sexualmente. “Quando eu não queria beber, o proprietário injetava tranquilizantes para animais em mim”.

A oferta de escravas sexuais na Itália é tão abundante que os preços do ato sexual reduziram-se pela metade. A clientela se multiplicou. Hoje em dia, constata Kara em seu livro, “frequentar prostíbulos está cada vez mais integrado na cultura italiana”. Depois de serem exploradas nos bares de Roma, Turim, Mestre ou Milão, muitas dessas mulheres são enviadas para outros países da Europa onde seu calvário continua.

Clientes não lhes faltam. Segundo Kara, no mundo inteiro, entre 6% e 9% dos homens maiores de 18 anos compram sexo de escravas pelo menos uma vez por ano. Seja por entretenimento, por impulsos violentos ou por qualquer outro propósito, ele reconhece que não há canto do mundo onde os homens não recorrem aos prostíbulos. Os Estados Unidos, com leis proibicionistas muito restritas e implacavelmente aplicadas, é um dos lugares onde o comércio sexual parece ter menos êxito. Mas não deixa de ser uma exceção.

O que caracteriza os consumidores desse sexo barato? “Não sou a pessoa indicada para responder essa pergunta. É verdade que alguns homens o consomem sem maiores problemas de consciência. Há razões biológicas, sociais, não sei. Obviamente, sem homens dispostos a pagar por sexo, não existiria essa escravidão. Mas nem todos os homens são responsáveis por ela. Só uma pequena parte”.

Entre os clientes de imundos salões de massagem, ou das prostitutas de rua, estão os imigrantes, que chegam, muitas vezes sozinhos, a um país desconhecidos e hostil. “A globalização foi um agravante enorme. O tráfico de seres humanos é uma das consequências mais horríveis do capitalismo global, que gerou enormes desigualdades econômicas. Porque se produz uma transferência clara de riqueza e de recursos das economias pobres para as ricas junto com outro fenômeno, o da falta de direitos humanos nos países em desenvolvimento”.

O papel negativo da religião

E a religião? Tem algum papel nesse fenômeno? Kara, que viajou várias vezes para a Tailância, outro país com maior oferta de escravas sexuais e prostitutas menores de idade, cita o budismo theravada, religião oficial, como uma das últimas razões do desprezo para com a mulher, considerada como uma reencarnação inferior ao homem.

Mas o hinduísmo também não é mais compassivo com as mulheres, nem os ritos africanos. As mulheres nigerianas pegas pelo tráfico muitas vezes aceitam condições de vida terríveis sem se queixar, por temor aos ritos Ju ju, aos quais estão submetidas. “Existe ainda uma opressão bastante generalizada das mulheres por parte dos homens. E a religião é um meio a mais para submetê-las. Não é culpa da religião em si, mas sim do uso que se faz dela”, diz Kara.

O autor de “Tráfico sexual” acompanhou com interesse as leis liberalizadoras da prostituição em alguns países europeus, caso da Holanda. E não parece convencido de que sirvam para erradicar o tráfico de mulheres. “A legalização da prostituição é ruim porque é utilizada como uma tela, uma vitrine atrás da qual se desenvolve o mesmo comércio sexual com escravas nas condições mais terríveis”.

Siddharth Kara relata em seu livro seus percursos pelos bairros mais degradados de Bangkok, onde abundam os prostíbulos imundos. Ali, encontram-se autênticas escravas, adolescentes que cobram apenas quatro euros pela hora de sexo, e onde a atmosfera é deprimente e sórdida a extremos inauditos. Também existem prostíbulos suntuosos para os turistas ricos e homens de negócios que chegam ao país em busca precisamente disso. Lugares de luxo para os ricos e barracos para os pobres. Sexo pago para todos. Até os escravos trazidos da Birmânia, de Laos e de Cambodja, para construir rodovias e edifícios de moradias, recebiam um salário minúsculo, “com o qual podiam se permitir o sexo com escravas”, indica Kara.

Frente a esse panorama desolador, o autor propõe, mais do que soluções, novos enfoques para o problema. O primordial, em sua opinião, é tornar a vida de traficantes e exploradores muito mais difícil. Que as máfias não operem com a impunidade atual, que sofram perseguição e prisão. Que a colheita anual de escravas seja cada vez mais incerta e escassa. E uma maior conscientização dos clientes? Siddharth Kara considera isso menos factível. Enquanto a oferta exista, a demanda nunca irá decair.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=32956