segunda-feira, 13 de setembro de 2010

As mulheres tem motivos para lutar


Nada mais preconceituoso, retrogrado, machista do que esse texto que saiu hoje (13) na Folha de S. Paulo no caderno Ilustrada escrito por Luiz Felipe Pondé.

Além de ter argumentos super clichês sobre o feminismo, como por exemplo "
Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia" ou "Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas" só fico pensando como uma pessoa, que pelo que me parece, não sabe nada sobre feminismo escreve uma crítica sobre.

Clichê porque o feminismo não se apropria dessas formas de rebeldia sem causa, para muito além disso, o feminismo significa a luta contra o sistema patriarcado que condena a vida das mulheres, por igualdade de gênero; o que é ser homem o que é ser mulher e o porque das diferenças objetivas entre eles, a luta pela autonomia das mulheres; divisão sexual do trabalho, melhores condiçoes de trabalho com remuneração digna;contra as diversas formas de exploração do trabalho da mulher, creches, pelos direitos de políticas públicas que protejam a mulher como a questão do aborto e a violência contra as mulheres, contra um mercado que escravisa o corpo e a vida da mulher, contra um sistema liberal que faz questão de, cada vez mais, criar formas de nos convencer o quanto as mulheres já são livres, a luta contra o livre mercado, contra a lesbofobia, homofobia, soberania alimentar, pela paz e demilitarização e etc.

Escrevo tudo isso, pois na minha visão Luiz Pondé acha que as mulheres não tem pelo o que lutar e ridiculariza o feminismo e as lutas das mulheres, posso afirma que esses argumentos são típicos de quem não se importa que haja mudanças na forma como nosso sistema funciona; escravizando pessoas, matando de fome, nas guerras, por poder, por perconceito, diminuindo as necessidades dos seres humanos ao ridículo e tudo isso reflete na vida das mulhere o chamado machismo.

Parece coerente a crítica feita por Luiz Pondé?

Leiam o texto:


Leiam para saber do que se trata.

por LUIZ FELIPE PONDÉ

SOU UM tanto maníaco por detalhes. Às vezes, me pego pensando em Walter Benjamin, o grande pensador judeu alemão que se suicidou durante a Segunda Guerra Mundial, e entendo sua obsessão pelos detalhes do mundo.
A matéria de que é feita a consciência muitas vezes se encontra nos detalhes, principalmente nos restos do mundo, restos ridículos de um mundo em clara agonia. Hoje vou dar um exemplo de como uma migalha do mundo pode ser representativa do nosso ridículo.
O detalhe ridículo de hoje se refere a um novo movimento de conscientização que nasce. Vejamos.
O que haveria de errado em mulheres que querem atrair os homens e por isso se fazem bonitas? Macacas atraem macacos, aves fêmeas atraem aves machos.
Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia. É, caro leitor, se prepare para a nova onda feminista: mulheres peludas. Para essas neopeludas que não se depilam ter pelos significa ser consciente dos seus direitos.
Quais seriam esses "direitos"? De ser feia? De parecer com homens e disputar o Prestobarba de manhã? Antes, um reparo: "direitos" hoje é uma expressão que serve para tudo. Piolhos terão direitos, rúculas terão direitos, ratos já têm direitos. Temo que apenas os machos brancos heterossexuais não tenham direitos.
Pensou? Machista! Desejou? Machista! Deu um presente? Machista! Se você aceitar ser eunuco, obediente, desdentado e, antes de tudo, temer a fúria das mal-amadas, aí você será superlegal. De repente, elas exigirão uma sociedade onde todos terão seu Prestobarba. Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas.
Estou numa fase preocupado em ajudar o leitor a formar um repertório que escape do blá-blá-blá mais frequente por aí. Por isso, nas últimas semanas, tenho indicado leituras. Proponho hoje a leitura de "Feminist Fantasies" (fantasias feministas), de Phyllis Schlafly, cujo prefácio é assinado por Ann Coulter, a loira antifeminista que irrita a esquerdinha obamista, antes de tudo, porque é linda, com certeza.
Para piorar, Ann Coulter é inteligente e articulada. Mas, em se tratando de mulher, é antes de tudo a inveja pela beleza da outra que move o mundo a sua volta.
Dirão as ideólogas do "eunuco como modelo de homem" que a culpa é nossa (masculina) porque as mulheres querem nos seduzir e, aí, elas se batem na arena da sedução. Mas, se elas não quiserem nos seduzir, qual seria o destino de nossa espécie? Para que elas "serviriam"? Deveriam elas (as que querem ser bonitas para nós homens) ser condenadas porque são normais?
O primeiro artigo deste livro é já uma pérola de provocação: "All I Want Is a Husband" (tudo o que quero é um marido).
Contra a "política do ódio ao macho", nossa polemista afirma que a maioria das mulheres, sim, quer, antes de tudo, amor e lar.
Quando elas se lançam na busca do amor e sucesso profissional em "quantidades iguais", mergulham numa escolha infernal (a autora desenvolve a questão nos ensaios seguintes) que marca a desorientação contemporânea. O importante, antes de tudo, é não mentirmos sobre isso e iluminarmos a agonia da vida feminina quando submetida à "política do ódio ao macho".
A vida amorosa nunca foi feliz. E nunca será. Mas a mentira da "emancipação feminina" é não reconhecer que ela criou novas formas de vida para a mulher em troca de novas formas de agonia.
Diz um amigo meu que, pouco a pouco, as mulheres se tornam obsoletas. Por que não haveria mais razão para investir nelas?
Conversando sobre esses medos com alunos e alunas entre 19 e 21 anos, percebi que muito da "obsolescência da mulher" é consequência de três queixas masculinas básicas: 1. Elas são carreiristas; 2. Não valorizam a maternidade; 3. Não cuidam da vida cotidiana da família. Associando-se a este "tripé", o fato que elas começam a ganhar bem, nem um "jantar" é preciso pagar para levá-las à cama. Resultado: a facilidade no sexo de hoje é a solidão de amanhã.
Mergulhadas em suas exigências infinitas, morrem à janela, contabilizando as horas, contemplando o próprio reflexo.


Uma pesquisa feita no Google por uma amiga, Thandara Santos, revelou algumas fontes de onde o autor bebe e vejam:

1.Estudos em Mística e Santidade
2. Ciências da Religião
3. Pensamento Conservador
4. Filosofia da Religião

Parece que ele aprendeu muito nesses estudos... aprendeu a ser um machista conservador intragável assim como a Folha de S. Paulo, que permite um texto desse circular.


Conheça um movimento feminista de mulheres:


www.sof.org.br













Marcha Mundial das Mulheres




























































































































































































quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Uma vida mais livre para as mulheres!






Outro dia liguei a TV e comecei a assistir o programa Super Pop, apresentado pela ex-modelo Luciana Gimenez. Em um dos blocos o quadro exibido era um tipo de esquadrão da moda no qual familiares e amigos mandavam e-mails ao programa condenando a forma como determinada mulher se vestia.

Em seguida dois estilistas de moda abordaram a mulher em sua casa e começavam a vasculhar o guarda-roupas da mesma a fim de repagina-la deixando-a mais bonita e sensual no seu dia a dia para seu marido e também para ela mesma. Esse é um argumento muito utilizado entre e com as mulheres, pois na sociedade em que vivemos as mulheres tem, obrigatoriamente, de assumir o papel de super-mulher; além de terem uma vida profissional bem sucedida precisam manter a tarefa de cuidar do trabalho doméstico e da educação dos filhos, tendo sempre de estarem vestidas de acordo com a moda, cheirosas e maquiadas, usando o absorvente que não marca a roupa, passando o creme que, supostamente, elimina as rugas e etc.

A idéia de uma beleza impossível que só pode ser alcançada adquirindo os milhares de produtos cosméticos ou cirurgias plásticas que, cada vez mais, alimenta um sistema que coloca o corpo e a vida das mulheres como produto de mercado, escravizando todos os dias milhares de mulheres impondo padrões estéticos que, em muitos casos, provocam distúrbios alimentares ou, por exemplo, o uso excessivo dessas parafernálias que são inventadas para tornarem as mulheres dependentes desse tipo de consumismo.

Esse quadro me chocou muito, pois a mulher era constantemente humilhada pelos apresentadores que geralmente tinham comportamentos muito agressivos e preconceituosos, a partir daí comecei a prestar atenção em quantos macetes são utilizados pela mídia, para reforçar a imagem da mulher como sendo por natureza, cheia de doçura e sensualidade com as obrigações relacionadas ao seu sexo feminino.

A apresentadora Luciana Gimenez citou que a mulher precisa se valorizar mais usando o sutiã que deixa os seios mais fartos, a maquiagem que rejuvenesce, a tinta de cabelo que ilumina, depois o estilista que dizia que a roupa da participante do quadro era horrível e grosseira, pois se parecia com as roupas usadas pela Joelma (vocalista e idealizadora da banda Calypso) e ela precisava ficar mais feminina e Slim. Ou o vocalista de uma banda que disse para o marido da participante: Agora vê se trata bem essa mulher, hein, rapaz?!! Ou seja, expressões que reforçam a mulher como ser inferior passível de qualquer situação como essas que citei acima, claramente expondo que dessa forma a mulher estaria do jeito que o marido quer e por isso, ela merecia ser tratada bem, reforçando o preconceito contra as diferentes maneiras de ser vestir, viver e se expressar. Legitimando todas as formas de submissão que a mulher é colocada, pois uma vez que ela não está bem vestida ou não está com o jantar pronto, merecem algum tipo de punição que pode ser comprado também com o fato de ela estar de minissaia possa legitimar qualquer tipo de violência verbal ou física que ela pode sofrer ao andar na rua, ou seja, as mulheres são aprisionadas por esses macetes e falsas idéias de liberdade que a mulher vem conquistando nos últimos anos.

Que liberdade é essa?

Fanzine feito no EME 2009 e tirado do blog Mulheres em Marcha.